Cão Educado, Soldado Raivoso
Era para ser mais um dia comum em minha vida. Caminhava pelo comércio de Macapá, fazendo pesquisa de preços e observando a movimentação das pessoas que vendem e compram; que desenvolvem alguma atividade no comércio.
Quando passei na Praça Veiga Cabral, achei o máximo A Guarda Municipal, sem armas de fogo, patrulhando a área com um cachorro muito educado que observava as pessoas e agia com muita segurança. Alguém me disse que aquele cão é muito bem treinado, educado para esse tipo de patrulhamento; que não importa a grau de periculosidade do meliante, o cachorro sabe que se não houver reação, deve apenas acompanhar. Nunca atacar, jamais agredir.
Mais a frente, quando eu e outras pessoas comuns, atravessávamos a faixa destinada a pedestres que há em frente ao Teatro das Bacabeiras, o destino me apresentou a um Policial Raivoso, daqueles que dificilmente serão adestrados, pois não tem o mínimo de preparo, vocação ou talento para lidar com pessoas.
Ele que deveria, no mínimo, agir como o cachorro treinado, fez justamente o inverso. Inverso a tudo que diz respeito ao que seria o comportamento de um Servidor Público, que deveria zelar pela segurança de cidadãos como eu e outros que passavam naquela faixa de pedestres.
Você deve está se perguntando: Mas qual o nome desse Policial? Não pude anotar. Nem o nome, a placa da moto ou o número da viatura (qualquer atitude que desagradasse o “Policial” poderia ser fatal). Tudo que pude anotar naquele momento foi a fisionomia dele e a hora do ataque: 12:25h. Foram mais ou menos cinco minutos de muita tensão, pressão e ameaças que pareciam não ter fim. O jovem agredido foi obrigado a falar o mínimo e de cabeça baixa (tal como faziam os escravos ao se dirigirem a seu senhor), para não sofrer mais humilhação em plena Cândido Mendes.
Ao pisarmos na faixa de pedestre, como reza a lei e a boa educação, os condutores de veículos automotores pararam e esperavam que cruzássemos toda a extensão da faixa. Porém do outro lado da rua, na parte final da faixa chegavam três viaturas (motocicletas) da Polícia Militar. Os dois Policiais de trás pararam como deveriam (antes da faixa de retenção), mas o da frente, sem o mínimo de preparo e educação, parou depois da faixa de retenção, já em cima da faixa de pedestres. Como se não bastasse, antes que o rapaz terminasse de atravessar a rua, ele deu partida em seu veículo. Se caso algum de nós, por algum motivo, decidisse voltar para apanhar um documento que tivesse caído, ou simplesmente decidisse voltar, seria atropelado.
Numa atitude de qualquer cidadão, que deveria ter seus direitos e seguranças garantidos, inclusive por esse “Policial”, o moço virou pra ele e pediu que respeitasse a faixa de Pedestres. Foi o suficiente para se iniciar uma brutal demonstração de força, abuso de poder, despreparo para o serviço público e o quanto estamos desprotegidos, tendo na corporação “Policial”, homens desse tipo.
Ele acelerava a moto, segurando a embreagem, fazendo aquele ruído desagradável que costumamos ouvir de condutores que perturbam o sossego público. Aparelhou a motocicleta ao jovem rapaz que continuou a caminhar na calçada e começou seu desprezível, pejorativo e humilhante discurso, que entendo ter maculado profundamente a imagem da Polícia Militar deste Estado.
Disse ele: “Qual é a tua seu filho da puta?! Tu não viste que eu te deixei passar, seu caralho?! Tu queres que eu te dê um monte de porrada, seu vagabundo, viado!!!! E percebendo que o rapaz estava acompanhado de uma jovem que parecia ser esposa ou namorada, na tentativa de provocar uma reação que motivasse uma agressão física ou a prisão daquele cidadão, o Policial Raivoso passou a chamá-lo, repetidas vezes de Viado.
Depois de ouvir tantas palavras ofensivas e de baixo calão, ele disse que como servidor público, o tal “Policial” deveria, pelo menos, respeitar os sinais de trânsito. Então ele continuou sua fala: “Cala a boca se não eu te dou um monte de porrada e te levo preso. E repetiu os adjetivos já mencionados, desta feita em sequência. A raiva de um Cão se materializava no rosto daquele “ Homem da Lei”.
Sob a ameaça de ser preso sem motivo algum, restou ao rapaz, diante daqueles intermináveis minutos de pressão, provocação, humilhação e tortura psicológica, dizer a seu agressor que deveria ser agradecido por está lhe orientando a usar a faixa de pedestre com segurança. Entretanto, quando percebeu que, realmente, seria agredido fisicamente, o jovem rapaz engoliu a seco todas aquelas ofensas e seguiu caminhando pela calçada, quando o policial que vinha atrás orientou seu colega a ir embora.
Como já disse, não tive tempo para anotar nada, nem eu e muito menos o rapaz agredido. Pessoas que acompanharam esse triste e lamentável episódio, nem ousaram esboçar algum tipo de defesa, diante de tanta agressividade. Pelo grau de ira daquele despreparado “Policial”, qualquer um que ousasse defender aquele jovem, sofreria a mesma agressão ou talvez pior.
Depois que as viaturas desapareceram fui atrás do jovem que me revelou ser professor. Disse-me também que lembra e nunca esquecerá o rosto daquele agressor. A jovem que o acompanhava (sua namorada, professora e bacharel em direito) também lembra muito bem da fisionomia daquele que deveria cuidar do cumprimento da lei. Ele me disse ainda que vai tentar encontrá-lo e identificá-lo. Assim que o fizer, levará a público e informará ao Comando Geral e a quem mais interessar melhorar a ação da Polícia em nosso Estado. Por falar em comando Geral, quero deixar uma sugestão para descobrir quem é esse “Policial” que está maculando o nome desta importantíssima corporação: Reúna todos os Policiais que estavam de serviço, em viaturas motocicletas Cross, naquele dia. Entre em contato comigo, que localizo o professor e sua namorada para fazerem o reconhecimento. É fácil.
Era dia 02 de junho. Na Avenida Cândido Mendes, às 12:25, em frente ao Teatro das Bacabeiras, numa das mais movimentadas vias do comércio de Macapá.
A partir daquele absurdo e deplorável episódio, fiquei pensando que a utilização de cães no patrulhamento das ruas, como aquele, treinado pela Guarda Municipal, seria mais acertado e menos nocivo à população. Penso que precisamos de mais Cães Policiais, treinados para manter a ordem e o respeito; e também para respeitar. Mas como disse, apenas penso, pois não sou especialista em segurança pública. Mas de uma coisa eu tenho certeza: Não precisamos de “nem um” Policial- Cão fortemente armado, atacando e agredindo a quem deveria proteger.
Macapá,03 de junho de 2011
Professor Lobão
Lobaonaoemau.blogspot.com
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